Para que a Santa Eucaristia não se constitua em um mero rito mecânico, onde as pessoas só “copiam” o que as outras fazem (gestos, sinal da cruz, genuflexão, etc.) sem entender exatamente o que está acontecendo, é bom que cada fiel católico entenda melhor a Santa Missa, pois só amamos aquilo que conhecemos.
A missa é igual para toda a Assembléia mas a maneira de cada um participar pode ser diferente pois depende da fé que as pessoas têm e também do grau de formação na religião. Às vezes vamos fazendo muitas coisas sem saber por quê.
Para participar da missa com fé e alegria, além da sua formação catequética básica, o fiel deve conhecer todas as etapas da liturgia da missa pois ninguém ama o que não conhece.
A palavra MISSA vem do latim "missio", que significa "despedida" ou "envio". E, quando os catecúmenos saíam antes do início da Liturgia Eucarística o celebrante os despedia. Desta forma, toda a Celebração Eucarística acabou por ser denominada Missa.
A missa é dividida em quatro partes principais:
1 - Ritos Iniciais;
2 - Liturgia da Palavra;
3 - Liturgia Eucarística;
4 - Ritos Finais.
PARTE I - RITOS INICIAIS (CEC 1348)
1. Monição Ambiental ¹
Ao entrar e sair de uma igreja com um sacrário, procedemos à genuflexão um gesto de adoração a Jesus Eucarístico.
Feita pelo comentarista, ao lado do altar. Um convite à Assembléia para participar da Celebração, criando um clima de oração e fé. Solicita que todos, de pé, recebam o celebrante.
2. Canto de Entrada e Sinal da Cruz
Durante o canto, o padre, os ministros e/ou acólitos dirigem-se ao altar. O padre faz uma inclinação profunda e deposita o beijo no altar, endereçado a Cristo.
É importante salientar que o Sacerdote, nas ações litúrgicas, age "In Persona Christi Capitis" - Na Pessoa de Cristo Cabeça. (CEC 1548-1551; Cl 1,15-20)
Obs.: Cristo Cabeça é um dos quatro aspectos mais evidentes da Cristologia Paulina:
(1) Preexistência e Encarnação;
(2) Cristo Cabeça;
(3) Novo Adão;
(4) Filho de Deus e Senhor.
Em seguida, o padre faz o sinal da cruz e o povo faz com ele (não precisa beijar a mão após o sinal), mas sem dizer nada. Ao final, todos respondem o “Amém”.
A expressão “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” quer dizer a pessoa, não apenas o “nome”. Iniciamos a Missa colocando nossa vida e toda a nossa ação invocando a Santíssima Trindade.
3. Acolhida e Saudação
É o “bom dia” de inspiração divina dado pelo Presidente à Assembléia. Em uma das formas litúrgicas, o padre saúda o povo com as palavras de São Paulo aos Coríntios (2Cor 13,11-13):
"– A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco!"
Independente da forma utilizada, todos respondem:
"– Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo!"
4. Ato Penitencial
“Se estás diante do altar para apresentar a tua oferta e ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa tua oferta lá diante do altar. Vai primeiro reconciliar-te com teu irmão, depois volta para apresentares tua oferta.” (Mt 5,23-24)
Convite para cada um olhar para si (reconhecer os próprios pecados e não os dos outros), buscando um arrependimento sincero.
Precisamos pedir que Jesus purifique nosso coração para termos parte com ele.
A absolvição geral que o padre dá no Ato Penitencial é uma purificação das faltas leves, e realmente nos purificam para participarmos da Ceia do Senhor. Os pecados graves necessitam de uma confissão sacramental.
5. Hino de Louvor (Glória)
É um cântico solene, uma das mais perfeitas formas de louvor à Santíssima Trindade, porque se dirige ao Pai e a Jesus Cristo, na unidade do Espírito Santo. Vem logo após o Ato Penitencial, porque o perdão de Deus nos faz felizes e agradecidos.
Inspirado no canto dos anjos que louvaram a Deus no nascimento de Jesus: “Glória a Deus no mais alto dos céus e paz na terra aos homens de boa vontade.” (Lc 2,14)
O Glória não é cantado (nem recitado) na Quaresma e no Advento, tempos que não são próprios para se expressar alegria.
6. Coleta
Do latim “collígere”, que quer dizer reunir, recolher, coletar. Tem o sentido de reunir, numa só oração, todas as orações da Assembléia.
Por isso, começa com o “Oremos” (Missal) um convite aos presentes para que se ponham em oração seguida de uma pausa, para que cada um faça mentalmente a sua oração pessoal.
A seguir, o Sacerdote eleva as mãos assumindo as intenções dos fiéis e elevando-as a Deus e profere a oração em nome de toda a Igreja. (CEC 1552)
Por fim, todos dizem “Amém” para dizer que a oração do Sacerdote também é sua.
É uma Oração Presidencial, feita apenas pelo Sacerdote, como representante de Cristo (CEC 1348). Todas as orações presidenciais são compostas por: (1) invocação, (2) pedido e (3) conclusão. As orações são dirigidas ao Pai, em nome de Jesus nosso mediador, na unidade do Espírito Santo.
Esta oração chama-se "Oração do dia", Oração Presidencial que conclui os Ritos Iniciais.
Como veremos no decorrer deste breve estudo sobre a Missa, no Rito Litúrgico existem três Orações presidenciais (CEC 1552):
1 - Oração do dia;
2 - Oração sobre as oferendas;
3 - Oração após a Comunhão.
PARTE II - LITURGIA DA PALAVRA (CEC 1349)
Após o “Amém” da Coleta, a comunidade senta-se, aguardando, antes, o Presidente dirigir-se à sua cadeira (Trono).
A Eucaristia é o “mistério de nossa fé” e a fé vem pela Palavra de Deus (cf. Rm 10,14). Daí a importância da pregação, abrangida pela Liturgia da Palavra. “Não só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.” (Mt 4,4)
A Palavra de Deus não é para ser apenas “lida”, mas “proclamada” solenemente. “A fé entra pelo ouvido.”
As leituras das missas dominicais variam a cada ano, repetindo-se a cada três anos. São os chamados ANOS A, B e C. Em cada ano meditamos o Evangelho segundo Mateus, Marcos e Lucas respectivamente. O Evangelho segundo João intercala-se durante o ano em momentos mais fortes.
Evangelho de São João se lê especialmente na Quaresma, na Semana Santa, no Tempo Pascal e também em ocasiões especiais e outras grandes Festas e Solenidades.
Os 3 primeiros Evangelhos fazem como que uma sinopse (síntese, resumo) dos fatos acerca da vida de Jesus são, por isso, chamados de “sinóticos”. O Evangelho escrito por São João focaliza outros fatos e palavras de Jesus, destacando Sua divindade e penetrando mais o Mistério do Filho de Deus.
A Liturgia da Palavra é tão importante quanto a Liturgia Eucarística e deve ter um lugar reservado para a proclamação a MESA DA PALAVRA.
1. Primeira Leitura
A Primeira Leitura, em geral, é tirada no Antigo (Primeiro) Testamento, onde se encontra o passado remoto da História da Salvação. Em alguns tempos litúrgicos também são tiradas de outros livros do Novo Testamento que não sejam os Evangelhos.
No Tempo Pascal, por exemplo, lê-se o livro de Atos dos Apóstolos.
2. Salmo Responsorial
É uma resposta cantada ou recitada à mensagem proclamada. Ou ainda, uma “oração” da Leitura, ajudando o povo a rezar e a meditar na Palavra de Deus que acabou de ser proclamada. Não pode ser substituída por outros cânticos que não sejam inspirados no salmo previsto.
Obs.: Usar como exemplo as leituras da "Segunda-feira da 4ª Semana do Tempo Comum" - Ano ímpar (I) = Hb 11,32-40; Sl 30 (31); Mc 5,1-20.
3. Segunda Leitura
Em geral, é uma carta, retirada do Novo Testamento. Só é proclamada em missas dominicais ou de dias festivos, não nas missas feriais (no meio da semana).
Assim, a Liturgia da Palavra, no decorrer das missas do ano, nos dá uma visão de toda a História da Salvação, recordando quase toda a Bíblia.
Obs.: Usar como exemplo a "Segunda Leitura do 5⁰ Domingo do Tempo Comum - A" = 1Cor 2,1-5
4. Canto de Aclamação ao Evangelho
Jesus Cristo é a Palavra de Deus. Ele se torna presente na proclamação do Evangelho. Aclamar é aplaudir com alegria, então o canto de Aclamação ao Evangelho é uma espécie de “aplausos” para o Senhor que vai nos falar.
Pode ser antecedido por um breve comentário (não é uma homilia, que não deve antecipar o que vai ser dito no Evangelho), convidando e motivando a Assembléia para ouvir o Evangelho. Na Quaresma e no Advento, o canto não tem “Aleluia”.
Obs.: Usar como exemplo o "Evangelho do 5⁰ Domingo do Tempo Comum - A" = Mt 5,13-16.
5. Proclamação do Evangelho
Antes da proclamação do Evangelho, pode-se fazer uma procissão com a Bíblia ou Lecionário e as velas. Para se dar mais destaque ao anúncio da Palavra de Jesus, dois ministros ou acólitos podem segurar uma vela em cada lado do ambão.
O diácono, e na falta deste o padre, proclama em um lugar mais elevado, para ser visto e ouvido por toda a Assembleia, que deve estar em pé, numa atitude de expectativa para ouvir a Mensagem. É como se o próprio Jesus se colocasse diante de nós para nos falar do que mais nos interessa.
O diácono/padre saúda a Assembléia:
– O Senhor esteja convosco!
– Todos: Ele está no meio de nós!
– Diácono/Padre: Evangelho de Jesus Cristo, escrito/narrado por …
– Todos: Glória a vós, Senhor!
E, ao final do Evangelho:
– Diácono/Padre: Palavra da Salvação! (E beija a Bíblia)
– Todos: Glória a vós, Senhor!
“Bem-aventurados os que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática.” (Lc 11,28)
"A verdadeira bem-aventurança -
27 Enquanto ele assim falava, certa mulher levantou a voz do meio da multidão e disse-lhe: "Felizes as entranhas que te trouxeram e os seios que te amamentaram!"
28 Ele, porém, respondeu: "Felizes, antes, os que ouvem a palavra de Deus e a observam"." (Lc 11,27-28)
"Feliz o leitor e os ouvintes das palavras desta profecia, se observarem o que nela está escrito, pois o Tempo está próximo." (Ap 1,3)
6. Homilia (Pregação)
É a interpretação de uma profecia ou a explicação dos textos bíblicos das leituras proclamadas.
Os próprios Apóstolos, depois de ouvirem as parábolas, pediam a Jesus que lhes explicasse o que elas queriam dizer. Assim também é o Povo de Deus, que precisa de alguém que lhes explique as Escrituras, do mesmo modo que Filipe explicou ao ministro da Rainha Candace, da Etiópia, uma passagem do AT:
“Ouvindo que lia o profeta Isaías, disse-lhe: “Porventura entendes o que lês?” Ele respondeu: “Como é que vou entender se ninguém me explicar?”.” (At 8,30b-31a)
As Escrituras não são de simples compreensão e não estão sujeitas a interpretações particulares, mas tão somente da Igreja que Cristo fundou, sob o Primado de Pedro:
“Pois, antes de tudo, deveis saber que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação pessoal, porque jamais uma profecia se proferiu por vontade humana, mas foi pelo impulso do Espírito Santo que homens falaram da parte de Deus.” (2Pd 1,20-21)
“É o que ele faz em todas as epístolas em que vem a tratar do assunto. Nelas há alguns pontos de difícil inteligência, que homens ignorantes e sem firmeza deturpam, não menos que as demais Escrituras, para sua própria perdição.” (2Pd 3,16)
Além do que, a Bíblia não é a única fonte de doutrina para o cristão, mas, inclusive, a Tradição (Oral e Escrita) e o Magistério da Igreja fundada por Jesus:
“Jesus fez ainda muitas outras coisas. Se fossem escritas uma por uma, penso que nem o mundo inteiro poderia conter os livros que se deveriam escrever.” (Jo 21,25)
“Assim, pois, irmãos, ficai firmes e conservai os ensinamentos que de nós aprendestes, seja por palavras seja por carta.” (2Ts 2,15)
"Todavia, se eu tardar, saberás como proceder na casa de Deus, que é a Igreja do Deus vivo: coluna e sustentáculo da verdade." (1Tm 3,15)
7. Creio (Profissão de Fé) (CEC 14; 184)
Crer em Deus é confiar nele! Com o Creio, a comunidade afirma que crê na Palavra de Deus que foi proclamada e está pronta para pô-la em prática. É como um juramento público.
Há dois textos diferentes para a Profissão de Fé: o (1) Símbolo Apostólico e o (2) Símbolo Niceno- Constantinopolitano. Naturalmente, ambos possuem 12 artigos, da mesma forma que 12 é o número dos Apóstolos.
O primeiro vem do tempo dos Apóstolos. É um resumo das verdades de fé professada pelos primeiros cristãos. É também mais curto e mais recitado nas missas no Brasil:
1. Creio em Deus Pai, todo-poderoso, Criador do céu e da terra;
2. E em Jesus Cristo, um só seu Filho (seu único Filho), Nosso Senhor,
3. Que foi concebido pelo poder do Espírito Santo, nasceu de Maria Virgem;
4. Padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado;
5. Desceu ao reino dos mortos, ressuscitou ao terceiro dia;
6. Subiu ao Céu, está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso,
7. De onde há de vir a julgar os vivos e os mortos.
8. Creio no Espírito Santo,
9. Na Santa Igreja Católica, na comunhão dos Santos,
10. Na remissão dos pecados,
11. Na ressurreição da carne,
12. Na vida eterna.
Amém.
O Símbolo Niceno-Constantinopolitano surgiu no séc. IV, a partir da heresia de Ário, que, em sua heresia (negação de verdades de fé), disse que Jesus era apenas homem, não Deus (como hoje o fazem os espíritas e os “Testemunhas de Jeová”). Então a Igreja, no Concílio de Nicéia (ano 325), colocou no “Creio” algumas palavras a mais, acentuando a divindade de Jesus:
“Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro…”
Alguns anos depois, Macedônio, outro herege, negou a divindade do Espírito Santo. A Igreja reafirmou essa divindade, a partir do Concílio de Constantinopla (ano 381):
“Senhor que dá a vida e procede do Pai e do Filho, e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado; ele que falou pelos profetas.”
Assim se formou esse Símbolo, surgido após os Concílios de Nicéia e Constantinopla. É uma síntese das verdades fundamentais da fé, para manter os cristãos unidos, à medida que iam se espalhando pelo mundo.
No Brasil, o Símbolo Niceno-Constantinopolitano é recitado apenas em alguns domingos, geralmente quando se fala de Jesus como Messias, o Filho de Deus. Eis o símbolo completo:
1-"Creio em um só Deus, Pai Todo-Poderoso, criador do céu e da terra; de todas as coisas visíveis e invisíveis.
2-Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho unigênito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos: Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro; gerado, não criado, consubstancial ao Pai. Por ele todas as coisas foram feitas.
3-E por nós, homens, e para nossa salvação desceu dos céus: e se encarnou pelo Espírito Santo no seio da Virgem Maria, e se fez homem.
4-Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos; padeceu e foi sepultado.
5-Ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras,
6-E subiu aos céus, onde está sentado à direita do Pai.
7-E de novo há de vir, em sua glória, para julgar os vivos e os mortos; e o seu reino não terá fim.
8-Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, e procede do Pai e do Filho; e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado: Ele que falou pelos profetas.
9-Creio na Igreja, una, santa, católica e apostólica.
10-Professo um só batismo para remissão dos pecados.
11-E espero a ressurreição dos mortos
12-E a vida do mundo que há de vir.
Amém!”.
8. Oração dos Fiéis (Oração Universal)
No início da missa existe a Oração Coleta uma oração presidencial breve, a fim de colocar a Assembléia em clima de fé para ouvir a Palavra de Deus. A Oração dos Fiéis é um espaço mais abrangente para que os fiéis coloquem publicamente suas intenções.
Após ouvirmos a Palavra de Deus e de professarmos nossa fé nessa Palavra, nós colocamos em Suas mãos as nossas preces de modo oficial e coletivo.
Nessa oração, o povo exerce sua função sacerdotal, suplicando por todos os homens, incluindo as seguintes intenções:
1 – Pelas necessidades da Igreja e do Papa;
2 – Pelos governantes, legisladores e magistrados (pois eles têm um poder temporal, e devem servir ao povo);
3 – Pelos que sofrem qualquer necessidade, especialmente pelos doentes;
4 – Pelas necessidades da comunidade local.
A Equipe de Liturgia deve tomar a iniciativa de ver as intenções da comunidade incluídas na oração, possibilitando que a fé expresse algo mais concreto e vivencial.
O que não se pode fazer na Missa são as orações particulares, como leitura de livros piedosos, novenas e o terço.
Na Oração dos Fiéis, a introdução e a conclusão são feitas pelo Presidente. As outras preces são feitas pelos fiéis, em voz alta, expressando a fé viva e alegria de toda a comunidade, unidade num só coração e numa só alma.
Durante a Oração dos Fiéis, todos ficam de pé a posição própria do orante e como rezavam os primeiros cristãos:
Sacerdote: Querido povo de Deus aqui reunido, roguemos ao Senhor nossas súplicas e pedidos, dizendo:
Todos: Senhor, escutai a nossa prece.
Leitor: Pela Santa Madre Igreja Católica, para que siga os passos de Nosso Senhor Jesus Cristo, sendo uma Igreja servidora e missionária, nós vos pedimos:
Todos: Senhor, escutai a nossa prece.
Leitor: Por todos os doentes de nossa comunidade, para que Deus os dê saúde e paz, rezemos ao Senhor:
Todos: Senhor, escutai a nossa prece.
Leitor: Pelo Santo Padre o Papa, Sucessor de São Pedro, para que seja um bom pastor para a Vinha do Senhor, levando a palavra de Deus aos que precisam, rezemos ao Senhor:
Todos: Senhor, escutai a nossa prece.
Leitor: Por todos os bispos e padres da nossa Igreja, para que sejam servos humildes e não desanimem de levar Cristo aos que precisam, rezemos ao Senhor:
Todos: Senhor, escutai a nossa prece.
(A comunidade pode preparar outras preces com antecedência)
Sacerdote: Possam agradar-Vos, ó Deus, as preces de vossa Igreja, para que recebamos por vossa misericórdia o que por nossos méritos não ousamos esperar. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém.
PARTE III - LITURGIA EUCARÍSTICA
Onde o mesmo pão é repartido entre muitos, o Sacrifício redentor de Cristo é universal. Destina-se a toda a humanidade. Seu valor é espiritual, infinito para todos.
CIC 1104. "A liturgia cristã não se limita a recordar os acontecimentos que nos salvaram: atualizá-los, torna-os presentes. O mistério pascal de Cristo é celebrado, não se repete; as celebrações é que se repetem. Mas em cada uma delas sobrevém a efusão do Espírito Santo, que atualiza o único mistério."
Todos os gestos, palavras, preces e cantos da Liturgia da Palavra devem levar a Assembléia a participar da Ceia que o Senhor desejou “ardentemente” celebrar com seus discípulos.
1. Preparação das Oferendas (Ofertório)
i) Canto e Procissão das Oferendas
Durante e preparação das oferendas, canta-se o Canto do Ofertório. As principais ofertas são o pão e o vinho. Podem-se trazer outras coisas, como ramos de trigo, cachos de uva, água, flores.
O ato de levar ao altar as ofertas significa que o pão e o vinho estão saindo das mãos do homem que trabalha. As outras oferendas representam também a vida do povo: a flor, símbolo de amor e gratidão; a coleta em dinheiro, fruto do trabalho e da generosidade dos fiéis.
O dinheiro para o ofertório é a nossa oferta para a conservação e manutenção da casa de Deus. Não é uma “esmola”, pois Deus não é mendigo, mas o Senhor de nossa vida. Outra condição para Deus aceitar a nossa oferta é que estejamos em paz como nossos irmãos. A fé pede nossa comunhão com Deus e com os irmãos (cf. Mt 5,23-24).
A procissão é opcional. Quando houver, deve haver alguma colocação do comentarista, explicando o sentido das ofertas, sobretudo quando se leva algo que não seja o pão e o vinho. As ofertas devem ter um significado e ajudar a participação da comunidade na Liturgia.
As pessoas que trazem as oferendas em procissão não as trazem apenas em seu nome, mas representando toda a comunidade.
No início da Missa, o Presidente e seus Ministros ficam nas cadeiras em frente ao altar. Eles não vão para o altar, porque este representa a mesa da Ceia, que começa na Liturgia Eucarística.
Ao fim da Oração dos Fiéis, o Presidente e os Ministros vão para o altar para preparar as oferendas: corporal estendido no centro (como uma toalha), missal aberto, o cálice e a patena com a hóstia grande (Hóstia Magna) do sacerdote (que pode vir junto com as hóstias dos fiéis, na âmbula sentido de unidade do Presidente com a Assembléia).
ii) Apresentação do Pão e do Vinho
Na Missa, oferecemos a Deus o pão e vinho que, pelo poder do mesmo Deus, mudam-se no Corpo e no Sangue do Senhor. Deus aceita nossa oferta e a transforma numa dádiva de valor infinito a própria Divindade!
O Presidente recebe as ofertas da comunidade e, por sua vez, oferece o pão a Deus, dizendo:
“Bendito sejais, Senhor, Deus do universo, pelo pão que recebemos de vossa bondade, fruto da terra e do trabalho do homem, que agora vos apresentamos e para nós se vai tornar pão da vida!”
E a Assembléia responde:
“Bendito seja Deus para sempre!”
Então o padre coloca a hóstia (de trigo puro, não fermentado) sobre o corporal e prepara o vinho para oferecê-lo do mesmo modo. Antes, ele põe um pouco de água no vinho e diz:
“Pelo mistério desta água e deste vinho, possamos participar da divindade de vosso Filho, que se dignou assumir a nossa humanidade.”
A mistura da água no vinho (puro, de uva) simboliza a união da natureza humana com a divina. Nós (água), na Missa, nos unimos a Cristo (vinho) para formar um só Corpo com Ele.
Em seguida, o Presidente eleva o cálice e diz:
“Bendito sejais, Senhor, Deus do universo, pelo vinho que recebemos de vossa bondade, fruto da videira e do trabalho do homem, que agora vos apresentamos e para nós se vai tornar vinho da salvação!”
E a Assembléia bendiz a Deus:
“Bendito seja Deus para sempre!”
Abençoar é bendizer! Bendizemos a Deus nessa hora porque o pão comum que oferecemos vai se tornar para nós o “Pão da Vida” e o vinho, o “Vinho da Salvação”. E porque recebemos muito mais do que oferecemos.
O cálice com o vinho e a âmbula com as hóstias para a comunidade ficam sobre o corporal, no centro do altar, junto da hóstia grande do Presidente, que é colocada sobre a patena.
iii) Presidente lava as mãos
A oração seguinte fala que nosso sacrifício é aceito por Deus quando temos um coração purificado e humilde.
Após colocar o cálice sobre o corporal, o padre inclina-se diante do altar e reza em voz baixa:
“De coração contrito e humilde, sejamos, Senhor, acolhidos por vós; e seja o nosso sacrifício de tal modo oferecido que vos agrade, Senhor, nosso Deus!”
Essa oração é tirada do Livro de Daniel. Deportado para a Babilônia, o Povo de Israel estava longe do Templo e não podia oferecer a Deus os sacrifícios de cordeiros e bois. Então Azarias fez essa bela oração, oferecendo a Deus o seu sacrifício espiritual.
Quando a missa é festiva, costuma-se incensar o altar, o Presidente da Celebração e a Assembléia. O incenso significa que aquele sacrifício deve subir até Deus, como a fumaça.
Antigamente a comunidade levava para o altar ofertas como alimentos e outros objetos que poderiam sujar as mãos do padre, que, por isso, lavava as mãos. Hoje, além da purificação das mãos, há também o sentido da purificação espiritual. Ao lavar as mãos, o padre reza em voz baixa:
“Lavai-me, Senhor, das minhas faltas e purificai-me do meu pecado.” (Sl 50,4)
Essa oração lembra Davi pedindo perdão de seu pecado.
iv) Orai, irmãos!
O sacerdote intercede por toda a Assembléia, que deve responder ativamente.
Assim, o padre se volta ao povo e pede:
“Orai, irmãos, para que o nosso sacrifício seja aceito por Deus Pai Todo-Poderoso!”
Ao que a Assembléia responde:
“Receba o Senhor por tuas mãos (do Sacerdote) este sacrifício, para a glória de Seu nome, para nosso bem e de toda a Sua fez Santa Igreja.”
Em primeiro lugar, a glória de Deus!
v) Oração sobre as Oferendas
Tem por fim colocar nas mãos de Deus os dons que trouxemos para o sacrifício. (Missal)
É um modo de insistir a mesma coisa diante de Deus, como nas parábola que Jesus contou (cf. Lc 11,5-8 e 18,1-8).
Para relembrar, esta é a segunda daquelas três Orações presidenciais:
1 - Oração do dia;
2 - Oração sobre as oferendas;
3 - Oração após a Comunhão.
2. Oração Eucarística ou Anáfora ²
Inicia o centro, o “coração” da Celebração o Mistério da presença real de Jesus no pão e vinho consagrados. Não é “mais uma oração” da missa é a própria Missa.
Para os judeus, santo era todo o lugar onde Deus se manifestava. De modo especial, o Templo era santo. Dentro do Templo, havia uma parte santíssima o “santo dos santos”, uma sala que continha a Arca da Aliança ou Tabernáculo. Lá só o sumo sacerdote entrava, e uma vez por ano apenas, para o sacrifício expiatório. Só depois de se purificar é que o sacerdote podia entrar ali.
Hoje, em termos de presença de Deus, o mais simples templo católico é mais importante que o Templo de Jerusalém, porque tem dentro de si mais que a Arca da Aliança: o próprio Cristo, Deus Vivo, no sacrário, com a luz acesa ao lado. Ele é o verdadeiro “Santo dos Santos”.
Antes do Concílio Vaticano II, havia uma só forma de Oração Eucarística. Atualmente, para que cada povo possa participar mais e utilizarem sua própria cultura existem várias fórmulas que são aprovadas pela Igreja. No Brasil existem 14 formas.
i) Prefácio e “Santo”
O Prefácio é um hino de “abertura”, que nos introduz no Mistério Eucarístico. Nele, o padre convida o povo a elevar seus corações a Deus e proclamar a santidade de Deus, dando-lhe graças.
No Prefácio, o Presidente sempre reza de braços abertos. Ele inicia com o diálogo:
Padre: O Senhor esteja convosco!
Povo: Ele está no meio de nós.
Padre: Corações ao alto!
Povo: O nosso coração está em Deus.
Padre: Demos graças ao Senhor nosso Deus!
Povo: É nosso dever e nossa salvação.
O trecho seguinte do Prefácio compreende algumas palavras próprias, dependendo do Tempo Litúrgico ou da festa que se celebra (CEC 1352).
O final do Prefácio é sempre igual. Termina com o cântico:
“Santo, Santo, Santo, Senhor, Deus do universo! O céu e a terra proclamam a vossa glória. Hosana nas alturas! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas alturas!”
O “Santo” é tirado de Is 6,3. A repetição, dizendo 3 vezes “Santo” significa o máximo de santidade, “Santíssimo”.
Às vezes, quando o “Santo” é cantado, mudam-se algumas palavras, mas o sentido deve ser o mesmo. O Santo deveria ser sempre cantado.
ii) Invocação do Espírito Santo
Momentos antes da Consagração, o padre estende as mãos sobre o pão e o vinho e pede ao Pai que os santifique, enviando sobre eles o Espírito Santo. Toda invocação do Espírito Santo é feita de pé. Tal oração chama-se "Epiclese" (CEC 1105; 1353).
Na teologia cristã epiclese (do grego antigo: ἐπίκλησις - epíklesis, fusão das palavras epí e kaléō: "invocar sobre")
iii) Narrativa da Ceia e Consagração do Pão e do Vinho (CEC 1353; 1374-1378)
Neste momento a Assembléia se ajoelha, ou mesmo de pé (normalmente aqueles que por algum problema não podem ajoelhar-se) porém em posição de adoração (cabeça baixa, em posição de reverência). A Ceia Eucarística celebrada por Jesus com os Apóstolos teve origem na Ceia Pascal Hebraica, que também não é celebrada como uma simples recordação, mas como um acontecimento que se faz presente.
Dentro da missa, esta é a hora da transformação do pão e do vinho, que se tornam o Corpo e o Sangue do Senhor.
Por ordem de Cristo, o Presidente recorda o que Jesus fez na Última Ceia. Ele pega o pão, o apresenta ao povo e pronuncia as seguintes palavras:
"Estando para ser entregue e abraçando livremente a paixão, ele tomou o pão, deu graças e o partiu e deu a seus discípulos, dizendo:"
Agora, vêm as palavras de Consagração:
"TOMAI, TODOS, E COMEI: ISTO É O MEU CORPO, QUE SERÁ ENTREGUE POR VÓS."
Após a consagração do pão, o padre levanta a hóstia à vista da Assembléia. A seguir, genuflecte para adorar Jesus presente no Santíssimo Sacramento.
A mesma coisa faz o padre com o cálice de vinho. Ele recorda que Jesus tomou o cálice em suas mãos, deu graças novamente e o deu a seus discípulos e pronuncia as seguintes palavras:
"Do mesmo modo, ao fim da ceia, ele tomou o cálice em suas mãos, deu graças novamente o deu a seus discípulos, dizendo:"
Agora, vêm as palavras de Consagração:
"TOMAI, TODOS, E BEBEI: ESTE É O CÁLICE DO MEU SANGUE, O SANGUE DA NOVA E ETERNA ALIANÇA, QUE SERÁ DERRAMADO POR VÓS E POR TODOS, PARA A REMISSÃO DOS PECADOS. FAZEI ISTO EM MEMÓRIA DE MIM."
“Tomai, todos, e comei, isto é o meu corpo que será entregue por vós.” (Lc 22,17ss)
Novamente, o padre genuflecte para adorar o Cristo presente após a consagração do vinho.
Na Consagração do pão e do vinho o povo deve ajoelhar-se ou ainda fazer uma profunda inclinação de cabeça no momento em que o padre eleva a hóstia e o cálice.
Durante as palavras de Consagração é que há a transubstanciação a transformação das espécies no Corpo Eucarístico. Nessa hora, o silêncio deve ser total não deve haver nem mesmo fundo musical.
Lembremos que na missa o padre age “in persona Christi”, ou seja, em lugar da pessoa de Cristo. É como se Jesus estivesse pessoalmente presidindo a Celebração.
A Igreja celebra a Missa para cumprir a vontade de Jesus, que mandou celebrar a Ceia:
“Fazei isto em memória de mim!”
O tempo no Rito Litúrgico / Memória = Zikaron = Anamnese - (Pe. Douglas)
CEC 1085
No início das comunidades cristãs, eles não falavam “missa”, mas “fração do pão” (cf. At 2,42). São Paulo também fala de missas celebradas em algumas comunidades (cf 1Cor 11,17-34), inclusive celebradas por ele (cf. At 20,7-11).
A Eucaristia não é simplesmente uma das coisas que Jesus fez por nós: é a grande surpresa que Ele nos preparou durante toda a sua vida. Ele já havia prometido nos dar “pão vivo descido do céu” e que esse pão seria a sua carne “para a nossa salvação” (cf. Jo 6,35-69).
Discurso do Pão da Vida em Jo 6,53-54 Original grego e sentido real das palavras phago - comer (literalmente ou figurativamente) e trógó (roer ou mastigar, ou seja (geralmente) para comer).
(CEC 1107; 1324; 1356-1358; 1362-1368)
iv) “Eis o Mistério da Fé!”
Terminada a Consagração, o Presidente proclama solenemente, mostrando o Sacramento:
“Eis o Mistério de nossa fé!”
v) Lembrança da Morte e Ressurreição de Jesus
A Assembléia, levanta-se no mesmo momento em que o padre (logo depois da consagração do vinho ele genuflectiu e se levantou) e responde:
“Anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!”
Anamnese (CEC 1354):
O Missal propõe três fórmulas (exceto Oração Eucarística - V, Reconciliação I e II, com Crianças I, II, III):
"Anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!"
Ou
"Todas as vezes que comemos deste pão e bebemos deste cálice, anunciamos, Senhor, a vossa morte, enquanto esperamos a vossa vinda!" (1Cor 11,26)
Ou
"Salvador do mundo, salvai-nos, vós que nos libertastes pela cruz e ressurreição."
O terceiro texto: “Salvador do mundo...” infelizmente não é propriamente uma aclamação; é mais uma oração devocional, um pedido, uma súplica. Não tem a força aclamativa dos dois outros textos.
É importante lembrar que é conveniente que esta aclamação seja cantada para exprimir melhor seu sentido, mesmo que o presidente faça rezado o “Eis o Mistério da Fé!”, convém cantar a aclamação. Toda aclamação se faz em pé, por isso esta é a posição de nosso corpo neste momento.
vi) Orações pela Igreja
A Igreja é o “Corpo Místico de Cristo”. Nela circula a vida da Graça. É o que chamamos de Comunhão dos Santos, dita no “Creio”. Entre todos os membros da Igreja, no céu ou na terra, existe a intercomunicação da Graça. Uns oram pelos outros, pois somos todos irmãos, membros da grande Família de Deus.
Assim, na Missa, dentre as orações pela Igreja, a primeira é pelo Papa e pelo Bispo Diocesano, pelas suas grandes responsabilidades. Pedimos também pelos evangelizadores e evangelizados, pela conversão dos pagãos e pela perseverança dos cristãos.
Oramos também pelos falecidos, um ato de caridade. Na Bíblia há um elogio a Judas Macabeu pela sua intercessão e oferecimento de um “sacrifício expiatório pelos que haviam morrido, a fim de que fossem absolvidos do seu pecado” (2Mac 12,45-46).
Finalmente pedimos por nós como “povo santo e pecador”, para que estejamos um dia reunidos com a Virgem Maria, os Apóstolos e todos os bem- aventurados no céu, para louvarmos e bendizermos a Deus. A oração termina “por Jesus Cristo nosso Senhor”, que nos disse:
“Em verdade, em verdade, vos digo: se pedirdes alguma coisa ao Pai em meu nome, ele vos dará. Até agora não pedistes nada em meu nome. Pedi e recebereis.” (Jo 16,23-24)
vii) Louvor Final - Doxologia (“Por Cristo…”)
É dito pelo sacerdote e somente por ele. Esse é o verdadeiro ofertório, pois é o próprio Cristo que oferece e é oferecido. É por meio de Jesus que damos graças e louvores ao Pai. Ele é o nosso Pontífice, isto é, a nossa “ponte” entre o céu e a terra, como Ele disse:
“Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai a não ser por mim.” (Jo 14,6)
Por isso, encerra-se a Oração Eucarística proclamando a Doxologia:
Padre: “Por Cristo, com Cristo e em Cristo, a vós, Deus Pai Todo-Poderoso, na unidade do Espírito Santo, toda honra e toda a glória, agora e para sempre!”
Depois disso a Assembléia responde o chamado GRANDE AMÉM, que é o principal de toda a missa! Devia ser festivamente dito ou cantado com uma profunda devoção pois é o Amém Síntese da Missa.
Esse ato de louvor é dito de pé, sendo que o Presidente levanta a hóstia e o cálice.
3. Rito da Comunhão
i) Pai-Nosso e Oração Seguinte
Começa a preparação para a Comunhão Eucarística. É a síntese do Evangelho. Para bem rezá-lo, precisamos entrar no pensamento de Jesus e na vontade do Pai. É uma oração de sentido comunitário que, mesmo rezada só, deve-se proferi-la em intenção de todos.
Para comungar o Corpo do Senhor na Eucaristia, preciso estar em comunhão com meus irmãos membros do Corpo Místico de Cristo.
A oração do Pai Nosso é rezada da seguinte forma:
“Pai nosso que estais nos céus, santificado seja o vosso nome; venha a nós o vosso reino, seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu; o pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido, e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.” (CEC 2803-2856)
O primeiro céus aparece no plural na versão em português do Pai-Nosso por significar TODO LUGAR e um estado de espírito, de alegria de VIDA. O segundo céu aparece no singular em oposição a terra, significando realmente o céu no sentido da Vida Eterna.
Dizemos perdoai-NOS com a partícula NOS pois pedimos que Deus perdoe a NÓS e não as nossas ofensas, assim como perdoamos AQUELES que nos ofenderam e não os pecados deles.
Dentro da missa, o Pai Nosso não tem o AMÉM final. A oração do Pai Nosso se estende até o final da oração que o sacerdote reza a seguir, pedindo a Deus que nos livre de todos os males. É uma espécie de oração de libertação, exorcismo.
Porque só quando estamos libertos do mal é que podemos experimentar a paz e dar a paz. Assim, como só Deus pode dar a verdadeira paz, também só quem está em comunhão com Deus é que pode comunicar a seus irmãos a paz.
Sacerdote: "Livrai-nos de todos os males, ó Pai, e dai-nos hoje a vossa paz. Ajudados pela vossa misericórdia, sejamos sempre livres do pecado e protegidos de todos os perigos, enquanto, vivendo a esperança, aguardamos a vinda do Cristo salvador." (CEC 2854)
O “Amém” do Pai Nosso, dentro da missa é substituído pela oração: “Vosso é o reino, o poder e a glória para sempre!”, que é dito logo após a oração anterior. (Doxologia final - CEC 2855)
ii) Saudação da Paz
A paz é um dom de Deus, que só ele pode dar:
“Deixo-vos a paz. Dou-vos a minha paz. Não a dou como o mundo a dá.” (Jo 14,27)
Antes de o Presidente convidar a Assembléia para que se saúdem mutuamente no amor de Cristo, ele recorda as palavras de Jesus, fazendo este diálogo com o povo:
Padre: Senhor Jesus Cristo, dissestes aos vossos Apóstolos: Eu vos deixo a paz, eu vos dou a minha paz. Não olheis os nossos pecados, mas a fé que anima a vossa Igreja; dai-lhe segundo o vosso desejo, a paz e a unidade. Vós, que sois Deus, com o Pai e o Espírito Santo.
Povo: Amém!
Padre: A paz do Senhor esteja sempre convosco!
Povo: O amor de Cristo nos uniu.
iii) Fração do Pão
Ao fim da saudação entre os fiéis, o celebrante parte a hóstia grande e coloca um pedacinho dela dentro do cálice com vinho consagrado. Esse ato tem o sinal da fraternidade, da repartição do pão, como Jesus o fez para seus discípulos na Ceia, além do reconhecimento de Cristo, por parte dos discípulos de Emaús, ao partir o pão em sua casa.
iv) Cordeiro de Deus
Logo após, o Presidente põe um pedaço da Hóstia no cálice e reza em voz baixa:
“Esta união do Corpo e do Sangue de Jesus, o Cristo e Senhor, que vamos receber, nos sirva para a vida eterna!”
Ao mesmo tempo, a Assembléia canta o “Cordeiro de Deus”.
Embora no Ato Penitencial todos já se tenham purificado, ao aproximar-se do momento da Comunhão, os fiéis sentem-se indignos de receber o Corpo do Senhor e pedem perdão mais uma vez, dizendo:
“Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós! Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós! Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, dai-nos a paz!”
Enquanto isso, o Sacerdote se inclina diante do Santíssimo Sacramento e pede a Jesus que aquela comunhão seja para a sua salvação.
Que ninguém se atreva a receber o Corpo do Senhor indignamente!
CEC 2120. O sacrilégio consiste em profanar ou em tratar indignamente os sacramentos e outras ações litúrgicas, bem como as pessoas, as coisas e os lugares consagrados a Deus. O sacrilégio é um pecado grave, sobretudo quando é cometido contra a Eucaristia, pois que, neste sacramento, é o próprio corpo de Cristo que Se nos torna presente substancialmente.
"26 Todas as vezes, pois, que comeis desse pão e bebeis desse cálice, anunciais a morte do Senhor até que ele venha.
27 Eis porque todo aquele que comer do pão ou beber do cálice do Senhor indignamente será réu do corpo e do sangue do Senhor.
28 Por conseguinte, que cada um examine a si mesmo antes de comer desse pão e beber desse cálice,
29 pois aquele que come e bebe sem discernir o Corpo, come e bebe a própria condenação.
[v. 29] s) Ad.: "indignamente".
[v. 29] t) Var.: "o Corpo do Senhor".
30 Eis porque há entre vós tantos débeis e enfermos e muitos morreram.
[v. 30] u) Por causa da sua irreverência para com "o corpo e o sangue do Senhor", os coríntios haviam sido atingidos por doenças e até pela morte." (1Cor 11,26-30)
– No AT e no NT Jesus é apresentado como o “Cordeiro de Deus”. Seis séculos antes de Cristo, o profeta Isaías predisse que o Messias seria levado à morte, “sem abrir a boca, como um cordeiro conduzido ao matadouro” (cf. Is 53,7).
– João Batista, ao ver Jesus passando, disse: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29).
– São Paulo disse: “Cristo, nossa Páscoa, foi imolado” (1Cor 5,7b).
E, de fato, na hora em que Jesus morria na cruz, era imolado no Templo o cordeiro pascal para os judeus comemorarem a Páscoa.
– São Pedro também disse que não fomos resgatados pelo preço vil de ouro ou de prata, mas “pelo sangue precioso de Cristo, o Cordeiro sem mancha” (cf. 1Pd 1,18-19).
v) Felizes os Convidados!
Terminado o “Cordeiro de Deus”, o Presidente levanta a Hóstia consagrada e a apresenta à Assembléia, dizendo:
“Felizes os convidados para a Ceia do Senhor! Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! ”
Pelo sangue de Cristo fomos salvos. Jesus é o nosso Libertador. Dele nos aproximamos com alegria. Daí o Presidente nos convidar à comunhão, dizendo “Felizes os convidados…”
Ao que o povo responde:
“Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma palavra e serei salvo.”
Essa resposta é tirada da resposta do oficial romano, o centurião, dada a Jesus (cf. Mt 8,8). Na verdade, ninguém é digno de comungar. É por bondade de Jesus que Ele vem a nós. Por isso, nos aproximamos da Comunhão com fé e humildade.
A comunhão eucarística não é um “prêmio” para os justos que já se libertaram de todos os pecados, mas um Alimento que fortalece os pecadores na sua caminhada em busca da libertação de todo o mal.
vi) Distribuição da Comunhão
Comungar é receber Jesus Cristo, Rei dos reis, para alimento de vida eterna. Quem comunga deve meditar um pouco nesse Mistério da presença real do Senhor em sua vida. E não comungar e já ir saindo da Igreja, ou ficar conversando e se distraindo. Não convém nem mesmo ir rezar diante de alguma imagem, pois Jesus deve ser o centro da atenção e piedade nessa hora. Ele é o Hóspede divino que acaba de ser recebido.
Após dizer “Felizes os convidados…”, com a resposta da comunidade, o padre reza em voz baixa:
“Que o Corpo de Cristo me guarde para a vida eterna.”
Em seguida, comunga o Corpo e o Sangue do Senhor. Depois o padre e os ministros dão a comunhão para os fiéis. Mostrando a Hóstia a cada um, diz:
“O Corpo de Cristo!”
E quem comunga responde: “Amém!”
Quanto ao modo de receber a comunhão, na boca ou na mão, é de competência do Bispo. Quem comunga, recebendo a Hóstia na mão, deve elevar a mão esquerda aberta, para o padre colocar a comunhão na palma da mão. O comungante, imediatamente, pega a Hóstia com a mão direita e comunga ali mesmo, na frente do padre. Não pode sair com a Hóstia na mão e comungar andando.
Para comungar é preciso estar na Graça de Deus (sem pecado grave) e em jejum (uma hora antes da comunhão).
Por uma questão prática, normalmente se dá apenas a Hóstia e não o Vinho Consagrado. Porém, na Hóstia está o Cristo inteiro e vivo, com seu corpo, sangue, alma e divindade.
vii) Canto de Ação de Graças
Após a Comunhão do povo, convém haver alguns momentos de silêncio para interiorização da Palavra de Deus e ação de graças. Pode-se também recitar algum salmo ou cantar algum canto de ação de graças. Não é o momento de dar avisos ou prestar homenagens a alguém.
A Ação de Graças é de toda a Assembléia e não apenas dos cantores ou de algum solista. Ação de graças não é o nome mais apropriado, pois toda a missa é Ação de graças.
viii) Oração após a Comunhão (Missal)
Neste momento, é proferida pelo Sacerdote, a terceira e última das três Orações presidenciais: Oração do dia; Oração sobre as oferendas; Oração após a Comunhão.
Apenas após terminada esta oração podem-se dar avisos e fazer convites. Se for algo breve, a Assembléia pode ouvir de pé, caso contrário, pode sentar-se.
PARTE IV - RITOS FINAIS
1. Comunicados e Convites
2. Bênção Final
Solene, dada pelo Presidente. Antes da bênção, o Presidente da Celebração saúda a Assembléia, dizendo: “O Senhor esteja convosco!”
E todos respondem: “Ele está no meio de nós.”
Nesta hora, se a comunidade estiver sentada, deve levantar-se. Aí vem a bênção, que pode ser com uma fórmula simples ou solene.
Por exemplo, uma fórmula é: “Abençoe-vos Deus Todo-Poderoso, Pai, Filho e Espírito Santo!” E todos respondem “Amém!”
Ao dar a bênção, o padre traça uma cruz sobre a Assembléia e todos devem inclinar a cabeça.
É muito importante a bênção de Deus dada solenemente na Missa! Essa bênção é para cada pessoa presente! É preciso valorizar mais e receber com fé a bênção solene dada no final da Missa.
A Missa termina com a bênção! Em seguida, vem o canto final, que deve ser alegre, pois foi uma felicidade ter participado da Missa.
3. Despedida
Todos devem esperar o sacerdote sair do altar para depois se retirarem.
Significado das cores das vestes sagradas
Segundo a Introdução Geral do Missal Romano (IGMR), no número 345, a diversidade de cores das vestes sagradas tem por finalidade exprimir externamente, de modo mais eficaz, por um lado, o caráter peculiar dos mistérios da fé que se celebram; por outro, o sentido progressivo da vida cristã ao longo do Ano Litúrgico. Conforme o uso tradicional e seguindo a Instrução Geral do Missal Romano, as cores litúrgicas são seis: verde, branco, vermelho, roxo, preto e rosa.
Neste contexto, com a chegada da Semana Santa, onde estão inseridas as celebrações centrais da Igreja, nas quais os fiéis são convidados a recordar os últimos dias de Jesus na terra, confira a seguir quais são as cores litúrgicas usadas, especialmente, na Sexta-feira Santa, Sábado Santo e Domingo da Páscoa:
Cor roxa
A cor roxa simboliza a preparação, penitência ou conversão. Usa-se no
Cor branca
Simboliza a alegria cristã e o Cristo vivo. Usa-se na solenidade do Natal, no Tempo do Natal, na Quinta-Feira Santa, na Vigília Pascal do Sábado Santo, nas festas do Senhor e na celebração dos santos. Também no Tempo Pascal é predominante usada a cor branca.
Cor vermelha
Simboliza o fogo purificador, o sangue e o martírio. É usada no Domingo da Paixão e de Ramos, na Sexta-Feira da Paixão, no Domingo de Pentecostes e na celebração dos mártires, apóstolos e evangelistas.
Cor rosa
Raramente usada nos dias de hoje, simboliza uma breve “pausa” na tristeza da Quaresma e na preparação do Advento. Pode-se usar no terceiro Domingo do Advento chamado “Gaudete” e no quarto Domingo da Quaresma chamado “Laetare”. Esses dois domingos são classificados, na liturgia, de “domingos da alegria”, por causa do tom jubiloso de seus textos.
Cor preta
Também em desuso, simboliza a morte. Usada em funerais, vem sendo substituída pela cor Roxa. Pode-se utilizar na celebração de Finados.
Cor verde
Simboliza a esperança que todo cristão deve professar. É usada em todo o Tempo Comum, exceto nas festas do Senhor nele celebradas, quando a cor litúrgica é o branco.
**Nota explicativa: Se uma festa ou solenidade tomar o lugar da celebração do tempo litúrgico, usa-se então a cor litúrgica da festa ou solenidade. Exemplo: em 8 de dezembro, celebra-se a Solenidade da Imaculada Conceição. Neste caso, a cor litúrgica é então o branco, e não o roxo do Advento. Este mesmo critério é aplicável para a celebração dos dias de semana.
Fontes:
Bibliografia:
A Missa Parte por Parte -Pe. Luiz Cechinato, 18ª ed., Ed. Vozes, 1992
Celebrar a Vida Cristã – Ed. Vozes
Catecismo da Igreja Católica
Missal Romano - Cotidiano/Dominical
Riquezas da Mensagem Cristã – Ed. Lumen Christi
(Via Fé Explicada/Emaús Nacional)
Curso "O Mapa da Liturgia" - Padre Douglas Pinheiro
Notas:
1 - Monição - Comentário para introduzir a Liturgia da Palavra (MONIÇÃO AMBIENTAL); ou mesmo: comentário para cada uma das leituras da MISSA (MONIÇÃO À PRIMEIRA LEITURA, MONIÇÃO À SEGUNDA LEITURA e MONIÇÃO AO EVANGELHO).
Monição - "Do latim monitio, de monere (advertir, avisar), na significação jurídica, e em uso antigo, era o aviso ou convite para vir depor a respeito de fatos contidos na monitória. A monitória, assim, era carta de aviso ou intimação para depor. Monição. Na terminologia do Direito Canônico, é a advertência feita pela autoridade eclesiástica a uma pessoa, para que cumpra certo dever ou não pratique um ato, a fim de que evite sanção ou penalidade a que está sujeita, pela omissão ou ação indicadas"
2 - Anáfora - A Oração Eucarística, também chamada de anáfora, cânon ou regra da oração, é o momento central da celebração eucarística católica, já que se trata da preparação para o Sacrifício Eucarístico. No Missal Romano há várias fórmulas de orações eucarísticas, todas constituídas por elementos caraterísticos. Depois de convidar o povo a elevar os corações a Deus e dar-Lhe graças, o sacerdote proclama a oração, em nome de todos os presentes, dirigindo-se ao Pai por meio de Jesus Cristo no Espírito Santo. As orações eucarísticas constam no Missal Romano, promulgado pelo Papa Paulo VI em 1969.
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